ÚLTIMA HORA: Europa lucra milhões com taxas de vistos rejeitados enquanto empresta ajuda humanitária à África
Países da União Europeia arrecadam anualmente milhões de euros com taxas de solicitação de vistos Schengen, mesmo quando os pedidos são rejeitados. Segundo dados da Comissão Europeia, só em 2022, mais de 1,9 milhão de pedidos de visto foram recusados, gerando uma receita estimada em mais de 150 milhões de euros, considerando a taxa média de 80 euros por solicitação.
De acordo com o site oficial da Política de Assuntos Internos da UE, a taxa paga pelos requerentes é não reembolsável, independentemente do resultado da solicitação. Países africanos como Nigéria, Marrocos, Argélia e Senegal figuram entre os que mais enfrentam negativas.
Enquanto isso, a União Europeia financia projetos de desenvolvimento em África, incluindo ajuda para acesso à água potável, por meio do programa NDICI – Global Europe. Embora louváveis, os valores destinados muitas vezes representam apenas uma fração do montante arrecadado com vistos negados.
“O sistema de vistos é excludente e injusto. Além disso, é economicamente lucrativo para os países europeus — muitas vezes às custas das populações africanas que vivem em vulnerabilidade”, afirma Dr. Ayo Obasola, pesquisador de migrações da Universidade de Lagos.
O paradoxo tem gerado críticas de ativistas africanos, que apontam para uma estrutura global que reproduz desigualdades históricas, ao “cobrar caro por uma esperança negada e devolver pouco em ajuda condicionada”.